A jornalista Leila Ferreira certa vez disse que tem gente que chega ao mundo de caminhão e outros de bicicleta. Ouso dizer que há ainda os que chegam caminhando, levitando ou até dançando. Gostei tanto dessa metáfora que não me esqueci e hoje quero escrever sobre ela. 

Tem gente que é pesada, desagradável, pessimista, mas tem gente que é leve, doce, descomplicada e agradável. A escolha é só nossa. Ninguém pode decidir por nós. Te encorajo a pensar que tipo de gente você tem sido. E preste atenção, o convite é para você! Não é pra pensar no seu cônjuge, chefe, amigo ou vizinho. 

A jornada do autoconhecimento às vezes é dolorosa, mas quase sempre é muito enriquecedora. Quando nos desafiamos a olhar pra dentro, a repensar nossas ações, reações e motivações, somos desafiados a mudar, a crescer e a romper. Se puder, se cuide e descomplique.


Escolha não julgar, não falar mal, não coloque lenha na fogueira. Seja leve em tudo! Ame mais, perdoe sempre, compreenda melhor, espalhe amor, sorrisos, bons conselhos, seja sábio e sensato. Creio que Jesus também estava falando sobre isso quando pediu que lançássemos sobre ele nosso peso.


“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. Mateus 11.28-30

Antes

 

Hoje eu quero falar sobre transição capilar. Sei que já tem lindas cacheadas e crespas falando sobre isso mas quero compartilhar minha libertadora experiência de auto estima e resgate da identidade. O assunto desse post é muito mais que cabelo, é contar um pouco da minha história de aceitação. Dizem que a criança começa se lembrar das coisas depois dos sete anos de idade, exatamente nessa fase começo a me recordar de ouvir comentários negativos a respeito do meu cabelo. Observava a boneca Barbie e ela era lisa, as personalidades referência da época também eram lisas: Xuxa, Mara Maravilha, Mallu Mader e Gabriela Duarte. Mais tarde, até a Glória Maria já estava lisa.

Nessa época, meu cabelo que era ondulado nas pontas e com a raiz mais lisa começou a engrossar, ter frizz e ficar mais crespo. Ouvia coisas do tipo: “o cabelo dela está ficando ruim”, “quando chegar a adolescência não vai ter jeito”, “está endurecendo”, “vai ter que cortar Joãozinho”… Quando completei oito anos de idade quis cortar curtinho, numa tentativa de me antecipar do inevitável. Naquela época já se usava doar ou vender o cabelo cortado. No salão da Dona Valdete (não esqueço o nome da experiente cabeleireira), pedi que cortasse com a gominha pra facilitar a doação, ela sorridente e desinibida disse que meu cabelo era “ruinzinho” que não prestava nem pra doar, que pra fazer peruca o cabelo tinha que ser bom, que ninguém doente ia querer peruca de cabelo anelado. Não questionei, minha mãe também não. Seguimos adiante.

Usei “Joãozinho” por uns dois anos, nuca batida e bem baixinho. Estilo Sandra Annenberg e Elis Regina. Aos dez anos, decidi deixar crescer pra me sentir mais feminina. Ouvia piadinhas na família (tias e primas) dizendo “vai crescer mas vai crescer para cima”, “cabelo ruim não podia nem ter cortado”, “agora vai ter que usar curto pra sempre”, “passa máquina e acaba essa agonia”… Essas crueldades disfarçadas de brincadeira ferem, no meu coração crescia uma ansiedade e um medo de não ser aceita com meu Black. Ele cresceu, pra cima mas cresceu. Meu irmão me chamava de Jacksons Five, Toni Tornado… Hora eu brigava hora deixava pra lá. Fingia não ligar e bagunçava o cabelo ainda mais, penteava ele seco na ingenuidade de quem não sabia cuidar.

Quando o papai chegava me sentia linda quando ele dizia que eu estava parecendo a Gal Gosta ou a Maria Betânia. Mamãe e minha irmã já viciadas em alisamentos, diziam que eu estava horrível e que ele só falava isso pra me agradar. Aos doze anos de idade, ele já havia crescido o suficiente pra um rabicó. Comecei a fazer bobs ou rolinhos. Em cada região tem um nome, ficava a própria Dona Florinda, do seriado mexicano Chaves. Lavava às quartas e sábados, às vezes ouvia que era exagero, que enrolar uma vez por semana seria o suficiente mas seguia nessa rotina de lavar no início da tarde, ao chegar da escola, me escondia no sol nos fundos da casa e morria de vergonha de ser vista com as pequenas manilhas. Era como se fosse um “segredinho” de beleza. Depois se seco rodava touca de um lado para o outro com uma meia calça velha. Isso me envergonhava profundamente, me sentia horrível com aquilo. Me lembro de uma vez que um amigo da família estava em casa e me viu daquele jeito. Fiquei profundamente sem graça.

Durante – ainda com duas texturas

Nessa mesma época, eu que amava piscina, mar e cachoeira comecei a evitar. Com a desculpa do tempo, frio ou vento me esquivava desses programas para não revelar meu crespo. Como os rolinhos não estavam resolvendo o problema do volume, resolvi experimentar um alisamento aconselhada por uma profissional doce, chamada Inês. Pensamos em “pasta” ou Hené, comum na época, mas minha mãe foi contra, achou que seria definitivo e perigoso. Optamos por um tal produto que prometia amaciar a raiz. Na primeira aplicação fiquei assustada com o mal cheiro do produto a base de amônia. Parecia esgoto, algo terrível mas o benefício de amansar o bicho compensava a catinga. Na primeira chuva voltando da escola, senti o cheiro e cheguei a pensar que tivesse pisado em algo indesejado. Quando cheguei em casa fui informada pela minha irmã que estava dentro da normalidade, que o produto ao molhar fedia mesmo, que da próxima aplicação poderia caprichar no neutralizante. A vergonha só aumentava, agora do cabelo ruim e do mal cheiro do creme alisante que entendia ter que usar. Não era pra mim uma opção, nem cogitava o cabelo natural. O pichaim crescia e quebrava, não desenvolvia, sempre tinha que fazer um corte, tirar as pontas quebradas, inventar uma franja pra disfarçar os toquinhos na frente. O processo que se repetia toda semana de enrolar facilitou quando ganhei um secador de pé. Me questionava toda vez que via uma amiga de cabelão, ficava inconsolada com a representação disso na sociedade, a feminilidade e beleza estava ligada ao cumprimento do cabelo. Eu discordava mas faltava força pra mudar. Me arrisquei até no megahair. O creme alisante depois de alguns anos parecia ter deixado de fazer efeito, passei de amônia para guanidina sem mudança aparente. Só aliviou o desconforto porque esse segundo produto não cheirava tão mal. Daí, abandonei os rolos e adotei a escova e a chapinha portáteis. Aos 22 anos, ainda super insatisfeita com o cabelo fui apresentada à progressiva pelas cabeleireiras que também se tornaram amigas Manu e Pretinha.

BC

Ao todo, em 10 anos fiz todas as progressivas existentes, com formol, sem formol, de ácido, de álcool, marroquina, inglesa, espanhola, detox, botox, chocolate e até de açaí. Depois de severas crises alérgicas e princípio de queda decidi pensar em tentar conhecer meu cabelo.   

Meus maiores incentivos foram meu marido, e minha filha. Ele por me ensinar com seu amor que sou linda natural, do jeitinho que Deus me fez. E ela por inconscientemente começar a repetir minha traumática história de viver de mal com o próprio cabelo. Me assustei ao ver que ela só se sentia bem de escova e prancha, já estava recusando convites de sol, mar, academia e piscina. Quando ela completou 10 anos decidi bravamente mudar. Em princípio, isso gerou angústia, dúvida, medo e de novo muitas críticas… Mas preferi ser forte e superar. Aos 33 anos de idade, já me sentia segura e madura o bastante. Aos poucos fui abandonando os produtos transformadores, a escova, a chapa e em dois anos, entre grupos de cacheadas crespas, finalizações, texturizações, umectações, modeladores, hidratações, reconstruções e muito amor aos cachos, encerrei minha transição.  

O grande corte (BC) foi libertador, o choro foi de alívio e genuína liberdade. A cabeleireira chamada Mara me acolheu no Blackqueen e se emocionou comigo numa demonstração de genuína empatia. Já após a transição estive com a querida Vanessa, no Instituto Mania de Cachos e percebi como é importante estar cercada de pessoas que passaram pelas mesmas experiências e podem te aconselhar com muito mais propriedade.

Depois

Quero que guarde no seu coração que mulheres curadas na alma são instrumento de cura para todos ao seu redor. Vemos por aí muitas lisas artificialmente alcançadas que mutilaram seus cachos com a prancha, chapinha, alisante e progressiva porque nunca se amaram, porque nunca permitiram conhecer suas madeixas, muitas estão infelizes com o espelho. Comigo foi assim.

Liberdade

Outra ajuda fundamental nesse processo é usar em seu favor as redes sociais. Seguir blogueiras com as quais você se identifica, meninas que tenham conteúdo e que ofereçam mais que dicas de beleza mas um serviço de utilidade pública. Minha gratidão aqui para a doce e linda Ana Lidia Lopes que me encorajou tanto com a sua transparência e a exuberante e também linda Rayza Nicácio que me motivou com toda a sua ousadia.

Vida nova

Definitivamente, posso dizer que a transformação começa de dentro pra fora. Auto estima, aceitação, identidade, perdão e amor próprio são palavras de ordem. Só quem é cacheada crespa empoderada sabe do que eu estou falando. Pra quem está começando, força, vai passar! Pra todas as outras que me ajudaram, muito obrigada! Aguarde, tem novidade por aí…. O drama virou história. Em breve, uma aventura infantojuvenil conta sobre A Princesa Cacheada em homenagem à Maria, minha cacheada preferida.

Beijo querido,

 


Rafaela Soares Marchezini

 

Fala-se muito sobre saudade. Dizem que essa palavra é intraduzível em outras línguas. É um sentimento denso, uma emoção difícil mesmo de ser explicada. Só entende quem tem, teve, sentiu ou sente. O coração fica pequenininho, as lembranças trazem à memória os momentos vividos, a razão dá uma olhada no calendário pra ver quanto tempo falta para estar com aqueles que amamos, quando é possível. Se a saudade for de quem já se foi, é ainda maior e inegociável.

Aqui, nesse espaço, tenho me sentido cada vez mais livre para abrir meu coração. Creio que o blog está mais meu do que nunca. Me censurei durante muito tempo e me ative a publicar aqui mais mensagens devocionais que textos pessoais. Esse novo tempo será marcado por mais textos meus mesmo, fruto das minhas reflexões e experiências particulares.

Quando a gente escreve com mais emoção, as palavras alcançam longe, vão mais fundo no coração de quem lê. Agora por exemplo, escrevo com a alma, com minhas emoções mais viscerais.

Para começar esse texto, nada melhor que começar do começo. Parece meio óbvio mas as ideias divagam e hora ou outra nos perdemos em meio aos pensamentos mais longínquos. Começando do começo vai ser mais fácil você entender o motivo de hoje eu escolher escrever sobre saudade.

Meu marido e eu vivemos as alegrias e desafios de um segundo casamento. No ímpeto de recomeçar uma vida realmente nova tivemos a direção de nos mudar para mais perto do trabalho dele. A mudança implicava nos afastar das pessoas que amamos mas também nos afastaria dos desgastes e problemas. Reconheçamos que estar próximo da ex do atual, do atual da ex, do ex, da atual do ex… Só de ler já soa intranquilo, imagina conviver? É desafiador lidar diariamente com coisas mal resolvidas do passado, com pessoas ressentidas, amarguradas, cheias de sentimentos tóxicos, inveja, melindres, etc. Em um dado momento, entendemos que era chegado o tempo de lutar por nós, de nos permitir um recomeço, de mudar de ares e mares. Nos afastar de tudo trouxe muito avanço, crescimento como casal, senso de família pertencimento um ao outro, mais qualidade de vida…. Como o estresse é maléfico para a saúde. O ganho em qualidade de vida foi evidente na nossa saúde física, mental e emocional. Para exemplificar, explico as evidências apontadas em nossos exames laboratoriais e clínicos, que passaram a indicar equilíbrio na glicose, colesterol, peso, pressão arterial, sono, etc. Isso tudo melhorou muito. Além disso, tivemos a oportunidade de conhecer gente, fazer novos amigos… Amizade sempre agrega. A gente não perde os amigos conquistados no passado, soma-se aos novos, coleciona-se ao longo da vida.

Voltando a falar sobre saudade. Ela às vezes dói mas também é necessária quando se quer olhar pra frente.

 

Quando os filhos perdem os pais o chamam de órfão. Quando um cônjuge perde seu companheiro o chamam de viúvo ou viúva. E quando marido e mulher, pais, perdem um filho? A isso não se dá nome, se tivesse, certamente seria DOR. Ouvi isso não me lembro onde e me marcou tão profundamente que jamais me esqueci. Ensaio esse texto mas começo a escrever, não me contenho e me derramo em lágrimas. De fato, perder um filho, ainda que seja um bebê, é dor sem tamanho. Mas creio que quando externalizamos, elaboramos melhor e findamos o luto.

Vivemos a alegria da descoberta de uma gravidez. Gestação planejada, corpo e mente sãos, ácido fólico em dia mas após dois meses, o sonho começou a ser frustrado pela notícia de que se tratava de uma gravidez de risco.

Ao sinal de positivo desde o primeiro exame, aquele de farmácia, já me sentia grávida. Diariamente as transformações no corpo, seios doloridos, emoções à flor da pele e uma alegria indescritível. Depois do exame de sangue positivo, fiz o anúncio ao meu marido em uma caixa de presente. Coloquei o exame, uma foto nossa em família e um macacãozinho do Cruzeiro, nosso time do coração. Vibramos, comemoramos e decidimos não guardar segredo. Afinal, o melhor das boas notícias é compartilhar com aqueles que amamos.

Agendamos uma consulta e finalmente ouvimos o coraçãozinho do bebê. Ao ouvir o coraçãozinho dele tivemos convicção de que eram como música para os ouvidos. Radiante, me encantava com as vitrines de roupinhas, móveis e acessórios de bebê, pensamos na melhor disposição para o quarto, fizemos listas de possíveis nomes e a cada dia, a empolgação tomava conta de nós.

Nossos pais e amigos mais próximos ficaram imensamente felizes conosco. A notícia da chegada de uma nova vida traz vigor, aproxima a família, promove muitos planos e sonhos. Nossos três filhos surpreendentemente estavam empolgados com a ideia de um irmãozinho ou irmãnzinha temporão. Apesar do ciúme natural e já esperado entre irmãos, vibravam a cada novidade.

Depois de um inesperado sangramento, corremos para o hospital e realizamos novos exames. O saquinho gestacional estava a salvo. Agendamos uma consulta para os dias seguintes. Diante da ameaça de descolamento, repouso absoluto, muitos remédios para segurar o neném, pés para o alto e mente à mil, mesmo recebendo todo cuidado do meu amor, ficava apreensiva a cada xixi.

As cólicas e a preocupação intensificaram. Chegando à clínica, depois de minutos infindáveis de espera, fui para a temida e ao mesmo tempo aguardada sala de exames. Lá, ao não ouvirmos o coração do neném na ultrasonografia, fui enfim informada do aborto espontâneo. Assim, um sangramento pós fim ao projeto bebê a bordo, numa manhã nublada.

O plano interrompido deu lugar a várias etapas do luto. Primeiro, a negação, eu não conseguia acreditar que estava passando por essa perda. A seguir veio a raiva, momento em que tentava encontrar culpados para o ocorrido. Depois a negociação, em que tentava barganhar com Deus que faria qualquer coisa para não sentir aquela dor horrenda. Logo em seguida, a depressão me assolava, uma tristeza tão profunda que me faltava vontade e forças para reagir. Por fim, a aceitação, período em que me voltei completamente para a palavra de Deus e encontrei o conforto e apoio devidos. Me firmava na ideia de que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados segundo o seu propósito (Romanos 8.28).

Ainda não me sinto completamente à vontade para tratar esse assunto, dói mas não espero dramatizar ainda mais o ocorrido, meu desejo é apenas consolar quem passa ou já passou por situação semelhante. Me perguntava insistentemente como podemos amar tanto alguém que ainda nem conhecemos. A resposta também está em Deus, Ele mesmo nos amou quando ainda éramos substancia informe (Salmos 119.16).

Infelizmente meu bebê morreu e meu consolo é crer que ele está junto com Jesus e um dia na eternidade, vamos nos reencontrar e entender tudo isso. Com o tempo esse sentimento de vazio e incompreensão vai sendo substituído pela paz que excede todo entendimento (Filipenses 4.7).

 

Escrever é uma importante ferramenta para a manutenção da minha saúde mental. Desde criança percebo o gosto pelas palavras, pelas histórias e memórias. Vez ou outra algo me inspira, hoje quero escrever sobre a vida offshore. Essa expressão é comum entre os profissionais que trabalham embarcados, ou seja, em alto mar.

Quem é mulher de petroleiro sabe como é intensa essa vida. Primeiro, somos tomadas de admiração. O amor, na minha humilde opinião, é movido exatamente por admirar o outro. Trabalhar embarcado não é pra qualquer um. É preciso ser competente, corajoso, inteligente e destemido. A seleção já começa nos concorridos concursos. Passada essa etapa, é a vez dos muitos treinamentos. A seguir de renúncias. Para estar offline por cerca de duas semanas, muitas vezes será necessário abrir mão de eventos, programas culturais e até familiares. Não raro alguém “perde” um nascimento, formatura, casamento e até sepultamento.

Passados os intensos dias de folga, nos despedimos com aperto no peito em um profundo exercício de fé. Para relembrar, a origem da palavra fé é confiança. É exatamente isso aí que faço a cada embarque e desembarque do meu amor. O entrego nas mãos de Deus e confiantemente acredito que Deus o guardará de todo mal, o livrará de todo e qualquer acidente, incidente, imprudência, seja no mar, no ar ou na terra. Todos os dias milhares de trabalhadores estão expostos a riscos, mas com eles é tudo aumentado. Afinal, o perigo está na água, no clima, no solo, no céu e inclusive ou principalmente, no meio do mar. Seja no trânsito, no vôo, e claro, na embarcação, confio na proteção e bênçãos divinas.

Nas minhas rotinas de despedida, começo orando pelo percurso, pelos colegas, pelos motoristas, pelos pilotos, pelo tempo… Sim! Oro por tudo isso, até porque se não der céu, ele não volta no dia previsto. Então, já oro pelo retorno tão logo ele vai. Procuro não ceder ao egoísmo, rezo pelos que estão chegando, enquanto agradeço a Deus pelo meu amor quando está voltando. Sempre torço para que tenham dias equilibrados. O equilíbrio permite que não sejam dias altamente exaustivos mas também que não sejam tranquilos demais, ao ponto de passar muito lentamente. Afinal, 14 dias e noites longe de casa não é fácil pra ninguém.

Desfruto do privilégio de morar em uma cidade litorânea. Sempre que posso, paro um pouco e olho o mar, ouço as ondas e mando boas energias pra meu bem que está lá, lá longe, bem no meio do oceano. E ao mesmo tempo que parece que ele está longe, o sinto perto quando penso nele e desejo que sinta o cuidado de Deus a cada brisa e a cada onda.

Mesmo à distância, ele consegue se importar, preocupar, suprir, encorajar, namorar e às vezes, infelizmente e inevitavelmente, até brigar. A saudade nos deixa vulneráveis e bem mais sensíveis. Com as emoções a flor da pele, tem dias que a saudade dói mais. Hoje é um dia desses, por isso resolvi escrever esse texto. Publicá-lo no blog pode ajudar outras esposas a organizar suas ideias, lidar com todos esses sentimentos e juntas, nos solidarizamos e lidamos da melhor forma com a intensa saudade.

A tecnologia é uma aliada. O telefone e a internet nos unem, facilitam a comunicação. Pode acontecer de a conexão cair, sem ela a saudade aumenta ainda mais. Quando me perguntam como manter acesa a chama da paixão com a distância, respondo que com amor, compreensão, respeito, confiança e claro, criatividade. Surpreender com uma foto, uma declaração, um recadinho, um bilhete… Se me permite um conselho, silencie a mente e guarde o coração. Transforme toda a saudade, em amor.

 

“Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, também vos dê pão para comer, e multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça”. 2 Coríntios 9.10


O Pai dá sementes ao que semeia. Jesus me confiou a habilidade de me expressar, desde a compreensão disso, procuro compartilhar essas sementes com amor e generosidade. Esteja atento às suas habilidades naturais, provavelmente seu propósito de vida está relacionado a elas. Passamos anos tentando descobrir para o que fomos criados, o que nos preenche, o que fazemos de melhor, como podemos abençoar aos outros à nossa volta e nos esquecemos de enumerar com simplicidade aquilo que mais amamos fazer. No meu caso, amo pessoas, histórias e Deus. Não exatamente nessa ordem, é claro!

Falando em ordem, ordenar nesse caso, é o mesmo que priorizar. Começo esse post te convidando a pensar sobre suas prioridades. Deus deve ser amado acima de todas as coisas, o principal propósito para o qual fomos criados é para amá-lo. Essa revelação pode parecer óbvia mas receber esse amor foi uma experiência transformadora na minha vida. Deus nos ama! Ele me ama e te ama também.

A idéia inicial com a criação do “Palavra Inspiradora”, era compartilhar um versículo da bíblia e uma breve reflexão, tempos depois descobri que a isso os cristãos mais experientes davam o nome de devocional. Essa rotina me despertou para a prática da oração e da leitura bíblica diariamente. Como gotas diárias, esse hábito foi me alimentando e fortalecendo. Te encorajo a fazer o mesmo.

Os devocionais de todos os dias foram se espalhando, um amigo passou pra outro e outro, quando a lista de amigos para os quais eu enviava a cada manhã as mensagens, atingiu o número limite de quase 500 endereços de e-mail, veio a idéia de criar um blog. Na mesma época, completava 365 mensagens, conteúdo suficiente para publicar meu primeiro livro. Depois de ter o projeto negado pela lei de apoio e incentivo à cultura da minha cidade, por meio da comissão da Fundação Artístico Cultural, não desisti com a negativa e tentei engatar o projeto com recursos próprios. Consegui rodar uma tiragem suficiente para doar alguns, presentear e ofertar.

O projeto Palavra Inspiradora continuou firme e a cada testemunho me alegrava a continuar trilhando esse caminho a semear sementes da palavra. No ano seguinte rodei mais um volume, dessa vez, com outras 366 mensagens, um texto até para anos bissextos. Anos mais tarde, o blog se transformou em site e agora, mais recentemente multiplicou para um canal no YouTube. Lá as reflexões são curtinhas, semanais e tem o objetivo de tornar o nome de Jesus ainda mais conhecido, promovendo transformação no caráter através da leitura bíblica, meditação e prática dos ensinamentos.

Em meio a tudo isso a vida mudou e muito, ao longo desses seis anos, pessoas chegaram, partiram, nasceram, morreram, cresci, amadureci, ganhei, perdi, cai, levantei, pensei em desistir, acelerei, avancei, recuei… Enfim, o importante é não desistir de caminhar com Jesus, é reconhecer que precisamos Dele todos os dias. Somos falhos, imperfeitos mas estamos em busca de aperfeiçoamento até que Ele venha.

Aprenda humildemente a crescer com as dificuldades. Pequenas sementes podem produzir grandes frutos. Hoje fala-se muito em grandes frutos mas na minha humilde opinião, os frutos mais importantes que podemos colher é a nossa própria transformação. Quando olho pra trás me alegro tanto com tudo o que Deus fez e continua fazendo na minha vida. Ele substituiu meu coração de pedra e colocou no lugar um coração de carne, novinho, cheio de expectativas e vontade de viver. Ele pegou meus dramas e transformou minha história de pranto em alegria. Meu caráter tem sido lapidado de glória em glória até ser dia perfeito.

 

“Todavia, lembro-me também do que pode dar-me esperança”. Lamentações 3.21

No texto de Lamentações 3.21, o profeta Jeremias sabiamente nos ensina a trazer à memória o que nos pode dar esperança! Te encorajo nesse exercício. Nossa mente tem a tendência natural de divagar, quando nos damos conta estamos envoltos em pensamentos de acusação, condenação, olhando para um passado que em nada nos acrescenta, nos consumimos por aquilo que falamos, ouvimos ou que acreditamos que podíamos ter feito diferente. Isso só nos desgasta e consome. Em nada nos edifica. Chega a adoecer! Não à toa a medicina já identifica gastrite, dores musculares, enxaquecas, insônia e até o câncer como doenças psicossomáticas. Precisamos elevar nossos pensamentos, trazê-los cativos à Deus, ao lugar de paz, esperança e liberdade que só Nele podemos alcançar. Nosso melhor lugar é o hoje, o ontem passou e o amanhã pode nem chegar. Pode parecer clichê mas é a verdade. Carregue no peito: a paz, a esperança e o amor! Então, hoje desfrute esse dia, fale eu te amo, expresse o favor de Deus. Procure trazer à mente seus sonhos, projetos pessoais, planos de esperança. Escolha perdoar, relevar e ser feliz.

“Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele”. Provérbios 22.6

Repare que a bíblia diz aos pais que eduquem seus filhos “no” caminho, ou seja, não é para os pais indicarem o caminho apenas, e sim, andarem junto, caminharem lado a lado. Isso faz toda a diferença! O exemplo é o melhor e maior ensino. Não fale uma coisa e faça outra. A incoerência dos pais gera insegurança nas crianças. Amor e disciplina precisam caminhar juntos para formar adultos felizes.

 

“Quem é Deus semelhante a ti, que perdoa a iniqüidade, e que passa por cima da rebelião do restante da sua herança? Ele não retém a sua ira para sempre, porque tem prazer na sua benignidade. Tornará a apiedar-se de nós; sujeitará as nossas iniqüidades, e tu lançarás todos os seus pecados nas profundezas do mar”. Miquéias 7.18-19

Deus pode perdoar os nossos pecados e esquecer a nossa transgressão. Esquecer é algo definitivo. Essa é uma habilidade incomparável do nosso Deus e temos muito o que aprender com Ele. Ele joga nossos pecados no mar do esquecimento. Quando sua mente quiser resgatar o passado, como mergulhador, não aceite. Rejeite da sua mente todo pensamento de condenação. Olhe pra frente. Seja feliz e reescreva sua história.

“O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu os amei”. João 15.12

Estamos em busca de uma solução rápida, a sociedade é no geral cada vez mais imediatista. Queremos viver a vida sem dor! Quando nos deparamos com a simplicidade dos ensinamentos contidos na bíblia, olhamos com desconfiança. Jesus nos instrui a simplesmente amar mais. Ele fala descomplicadamente que o mandamento dele é “amem-se uns aos outros” (João 15.17).

A solução para todos os males é o amor. Se a vida está difícil, experimente amar mais. Consequentemente tudo se ajeita. Embora pareça utópico, é garantido ou o seu dinheiro de volta (risos). O amor permeando as suas relações, decisões, ações e reações não tem como fracassar. Todos os seus planos serão bem sucedidos.

Ame a palavra de Deus, seus mandamentos, seu cônjuge, seus filhos, vizinhos, amigos, parentes… Ande em amor, plante boas sementes, dedique-se em parecer com Jesus. Esse amor que ele nos ensina não se parece em nada com o modelo de amor que temos em mente. O amor que ele nos sugere e praticou por todos nós é genuíno, desinteressado, doador, farto.

O amor de Cristo é surpreendentemente transformador. Quando estamos ligados a Ele (Jesus), a videira verdadeira, nos submetemos ao nosso agricultor (Deus, o Pai), logo passamos a andar em amor. É processual e consequente. Não tem erro! Garantia total.

O que precisa nos abastecer é o sangue que corre nas veias do nosso criador, ou seja, o amor. Amor esse que se dá aos seus amigos  (João 12.13). Não é um amor de palavras, é prático. Se materializa no dia a dia.

Nossa alegria só é completa quando fazemos parte dessa árvore. Somos lavados e transformados pela palavra de Deus. “Tenho lhes dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa”. João: 15. 11. Fora da árvore você pode até se deparar com alguma alegria mas não a alegria completa.