Escrever é uma importante ferramenta para a manutenção da minha saúde mental. Desde criança percebo o gosto pelas palavras, pelas histórias e memórias. Vez ou outra algo me inspira, hoje quero escrever sobre a vida offshore. Essa expressão é comum entre os profissionais que trabalham embarcados, ou seja, em alto mar.
Quem é mulher de petroleiro sabe como é intensa essa vida. Primeiro, somos tomadas de admiração. O amor, na minha humilde opinião, é movido exatamente por admirar o outro. Trabalhar embarcado não é pra qualquer um. É preciso ser competente, corajoso, inteligente e destemido. A seleção já começa nos concorridos concursos. Passada essa etapa, é a vez dos muitos treinamentos. A seguir de renúncias. Para estar offline por cerca de duas semanas, muitas vezes será necessário abrir mão de eventos, programas culturais e até familiares. Não raro alguém “perde” um nascimento, formatura, casamento e até sepultamento.
Passados os intensos dias de folga, nos despedimos com aperto no peito em um profundo exercício de fé. Para relembrar, a origem da palavra fé é confiança. É exatamente isso aí que faço a cada embarque e desembarque do meu amor. O entrego nas mãos de Deus e confiantemente acredito que Deus o guardará de todo mal, o livrará de todo e qualquer acidente, incidente, imprudência, seja no mar, no ar ou na terra. Todos os dias milhares de trabalhadores estão expostos a riscos, mas com eles é tudo aumentado. Afinal, o perigo está na água, no clima, no solo, no céu e inclusive ou principalmente, no meio do mar. Seja no trânsito, no vôo, e claro, na embarcação, confio na proteção e bênçãos divinas.
Nas minhas rotinas de despedida, começo orando pelo percurso, pelos colegas, pelos motoristas, pelos pilotos, pelo tempo… Sim! Oro por tudo isso, até porque se não der céu, ele não volta no dia previsto. Então, já oro pelo retorno tão logo ele vai. Procuro não ceder ao egoísmo, rezo pelos que estão chegando, enquanto agradeço a Deus pelo meu amor quando está voltando. Sempre torço para que tenham dias equilibrados. O equilíbrio permite que não sejam dias altamente exaustivos mas também que não sejam tranquilos demais, ao ponto de passar muito lentamente. Afinal, 14 dias e noites longe de casa não é fácil pra ninguém.
Desfruto do privilégio de morar em uma cidade litorânea. Sempre que posso, paro um pouco e olho o mar, ouço as ondas e mando boas energias pra meu bem que está lá, lá longe, bem no meio do oceano. E ao mesmo tempo que parece que ele está longe, o sinto perto quando penso nele e desejo que sinta o cuidado de Deus a cada brisa e a cada onda.
Mesmo à distância, ele consegue se importar, preocupar, suprir, encorajar, namorar e às vezes, infelizmente e inevitavelmente, até brigar. A saudade nos deixa vulneráveis e bem mais sensíveis. Com as emoções a flor da pele, tem dias que a saudade dói mais. Hoje é um dia desses, por isso resolvi escrever esse texto. Publicá-lo no blog pode ajudar outras esposas a organizar suas ideias, lidar com todos esses sentimentos e juntas, nos solidarizamos e lidamos da melhor forma com a intensa saudade.
A tecnologia é uma aliada. O telefone e a internet nos unem, facilitam a comunicação. Pode acontecer de a conexão cair, sem ela a saudade aumenta ainda mais. Quando me perguntam como manter acesa a chama da paixão com a distância, respondo que com amor, compreensão, respeito, confiança e claro, criatividade. Surpreender com uma foto, uma declaração, um recadinho, um bilhete… Se me permite um conselho, silencie a mente e guarde o coração. Transforme toda a saudade, em amor.
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